Páginas

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

macacos e máquinas de escrever


Na miríade de temas abordados em artigos, trabalhos de campo, previsões astrológicas  e outros veículos da pesquisa científica moderna, um tem apelo irresistível na academia. Seu aspecto quase místico mexe com os brios de cientistas que não conseguem enquadrá-lo em nenhuma fórmula ou postulado. Esses mesmos cientistas lutam para conseguir um cascalho através de alguma bolsa federal de incentivo à ciência e tecnologia, mas isso não vem ao caso neste momento. Deixemos a triste realidade de nossos nobres bacharéis e doutores para um futuro escrito/reportagem investigativa. Os que chegaram mais perto de entender a natureza infinita da criatividade desenvolveram uma linda "metáfora científica" chamada de "O Teorema do Macaco Infinito". A esta altura, qualquer ser bípede sapiente que está lendo o texto já deve ter pesquisado o termo em uma das maiores fontes do saber humano, a Wikipedia (a.k.a. "Dose do Néctar de Conhecimento dos Deuses Olimpianos"). Aos que decidiram continuar nesta aba do navegador (sério que vocês ainda estão lendo esta porra?), eis uma breve trecho retirado da Bíblia do Entendimento:
"O Teorema do Macaco Infinito afirma que um macaco digitando aleatoriamente em uma máquina de escrever por um intervalo de tempo infinito irá certamente criar um texto qualquer escolhido, como, por exemplo, a obra completa de William Shakespeare. 
Pode-se também pensar que, com infinitos macacos infinitos, algum deles irá quase certamente criar um texto qualquer escolhido como primeiro texto a ser digitado."
O enunciado basicamente fala das possibilidades ad infinitum na criação artística e seus possíveis impactos na literatura contemporânea, cultura pop, decisões políticas de grandes blocos econômicos e afins. Como nada é imortal, no máximo "infinito enquanto dura" (sic), este teorema nada mais é do que um mero devaneio boboca de um cientista que ousou sonhar com a ideia do infinito presente na humanidade. Isto é o que você, pequeno manipulado, foi condicionado a acreditar através de um poderoso e malévolo conluio midiático! A Vênus Prateada (plim, plim!), a Raquel Charizard e a Veja não querem que você saiba da verdade, exposta logo a seguir através de uma reportagem inédita e exclusiva deste blogue:
Há algumas décadas atrás, no longínquo e remoto LUGAR X (nome oculto para a segurança do pequeno bairro na zona oeste do Rio de Janeiro), o pesquisador Fulano (mais um herói que se esconde através de uma identidade oculta por temer represálias) sorri de maneira nervosa com sua descoberta. Ele comenta com seu assistente sobre a expectativa com o novo experimento: 
- Ciclano, meu querido colega, se eu não ganhar o Nobel com 'saporra eu quebro tudo. 
No outro canto do globo e alguns anos depois, um estudante de jornalismo decide criar um novo blog, pois o antigo já lhe enchia o saco. De forma misteriosa, o jovem é acometido por uma estranha vontade de adicionar temas simiescos junto a máquinas de escrever à sua página. O pobre coitado mal sabe que é parte de um plano maior.
O experimento, enfim, começa a ser realizado. Os limites (ou falta dos mesmos) das infinitas possibilidades de temas, gêneros e falta de senso do conceito ridiculum serão testados a seguir. Caso você seja ofendido por algo aqui escrito, saiba que o estudante de jornalismo escolhido aleatoriamente como "laranja" do experimento não pode assumir responsabilidade alguma. Há infinitos macacos e infinitas máquinas de escrever por aí. A verdade está lá fora, em uma Infinita Highway.